Bruno Ubiali, doutorando em Conservação Integrativa e Antropologia da Universidade da Geórgia e membro do BNRGI, publicou recentemente o artigo “Florestas, Roças e Pastagens: Acesso Desigual à Castanha do Brasil e Estratégias de Subsistência em uma Reserva Extrativista na Amazônia Brasileira” na revista Land. O artigo – em inglês, mas incluindo uma tradução completa para o português – é baseado em sua dissertação e tem coautoria de seu orientador de mestrado, Dr. Miguel Alexiades.
O estudo foi realizado com seringueiros da Reserva Extrativista Cazumbá-Iracema, no estado do Acre, Amazônia brasileira.
Os autores realizaram entrevistas semiestruturadas com cinquenta e cinco chefes de família para investigar a complexa relação entre acesso diferenciado à castanha do brasil e o investimento em estratégias alternativas de subsistência, particularmente e de maneira controversa a agricultura e pecuária de pequena escala. Os resultados revelam que os seringueiros desenvolveram mecanismos informais para superar o acesso formal e desigual à castanha. O acesso limitado à castanha também é superado por meio de investimentos em trabalho assalariado, agricultura itinerante e pecuária, como parte de portfólios de subsistência altamente diversificados. O artigo destaca que o papel limitado do extrativismo florestal e a dependência de outras fontes de renda pressionam para reavaliar o papel e o potencial da pecuária e agricultura de pequena escala e reconhecer a diversificação dos meios de vida como um componente importante da resiliência econômica.
O estudo dialoga com um extenso corpo de literatura que analisa os meios de subsistência das populações tradicionais na Amazônia e permitirá aos leitores compreender melhor as complexidades entre o acesso diferenciado aos recursos florestais e as estratégias de subsistência elaboradas pelos pequenos proprietários, permitindo usar as potencialidades, bem como as limitações do extrativismo florestal para o desenho de políticas que visem a resiliência em reservas extrativistas. O artigo também busca contribuir para os debates em torno da relação entre extrativismo, conservação florestal, desenvolvimento social e econômico, agricultura e pecuária. O estudo foi financiado pela Universidade de Kent sob o MSc. Conservação e Desenvolvimento Rural e os autores também obtiveram apoio logístico do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e apoio financeiro do Departamento de Antropologia da Universidade da Geórgia.